"Nem desistir, nem tentar... Agora tanto faz, estamos indo de volta para casa"
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"Nem desistir, nem tentar... Agora tanto faz, estamos indo de volta para casa"
Queridos,
estamos no Amazonas, o nosso penúltimo destino da viagem pelo continente. Mas sou incapaz de descrever o que vimos aqui. Que 'falem' as imagens...
Faltam pouco mais de duas semanas para voltar para casa e tentar organizar aquilo que foram planos, se desfizeram ao longo dos últimos oito meses e, agora, são novas dúvidas.
Engana-se quem acreditou e ainda acredita, na teimosia dos atos repetidos no canto da sala de jantar, de que isso foi uma viagem. Sim, carregamos pesadas mochilas nas costas; fizemos e desfizemos várias vezes nosso roteiro; entramos em hotéis e deixamos residências; tomamos aviões, carros, ônibus, canoas, barcos e arranhamos os pés... Mas eu não quero acreditar que tudo isso tenha sido apenas uma (longa) viagem.
Pode parecer paradoxal, mas me sinto pleno e vazio, ao mesmo tempo. Preenchi cada espaço em branco do meu DNA de experiências, mas me sinto incapaz de dar novos passos. Entreguei-me intensamente às experiências mais intensas de um roteiro sonhado na adolescência e agora só quero sentar-me e esperar as formas assumirem suas novas formas, como me explicou, recentemente, um anjo.
São 22h42 de uma noite, infernalmente, quente de Santarém, no Pará. Cada um no canto do quarto abafado, derretidos como um relógio de Dalí, entre paredes que só Berlusconi soube descrever sob o céu que nos protege. E então os últimos meses decidiram querer ser relembrados.
Os nove países saltaram do mapa, os mais de 40 mil km rodados cobraram explicação e as 10.000 imagens clicadas ainda nem foram compreendidas.
As malas já estão prontas para desembarcá-las em São Paulo, mas a alma ainda tem medo.
“Beber o suco de muitas frutas, o doce e o amargo, indistintamente
Beber o possível, sugar o seio da impossibilidade
Até que brote o sangue, até que surja a alma dessa terra, da mata, desse povo triste”
(Secos & Molhados)
Amigos,
a nossa missão pela América do Sul começa a ser concluída e selecionamos para os leitores/testemunhas dessa viagem de oito meses os momentos mais intensos e as paisagens mais profundas que os nossos olhos registraram na alma:
OBS: Se você recebeu esta mensagem por email e não consegue visualizar as imagens, acesse o endereço direto do blog: www.sobreelesenos.blogspot.com
Paraguai:
Surpreender-se com as comunidades alemãs do sul do Paraguai (Hohenau e Bella Vista).
Descobrir que o país da sacola tem muito mais história para contar, como as Missões Jesuíticas.
Argentina:
Fazer trekking sobre o Perito Moreno, na Patagônia.
Ir além e chegar aos pés das torres brancas de El Chaltén.
Encarar os 1.500 km da Ruta 40, no trecho sul do país.
Ouvir outros sons no lado mais hippie do país do tango.
Chile:
Navegar por um mês as artérias dos fiordes chilenos.
Rodar o nada da Carretera Austral.
Desembarcar e pisar as terras polinésicas da Ilha de Páscoa.
Bolívia:
Descobrir novas cores da Bolívia, na comunidade negra de Tocaña.
Descobrir-se em uma caminhada de 120 km, em três dias, pelo altiplano boliviano.
Chegar na pré selva amazônica...
Peru:
... antes de chegarmos a Amazônia peruana
e colocarmos os pés na terra,
assim como eles.
EQUADOR
Encarar de frente o lado mais primitivo do país, em Galápagos.
Vê-los em todas as partes...
sim, em todas as partes.
E rever os amigos, em Quito.
COLÔMBIA:
Estar sob as terras misteriosas de Tierradentro...
e conectar-se com o mundo espiritual.
Chegar a Cartagena de Indias, antes de relaxar os pés cansados no Caribe.
BRASIL
Quase chegar em casa e fazer um desvio para descobrir outro país, em Roraima.
Seguir viagem e continuar descobrindo, em Santarém.
Ainda faltam 18 dias para chegar em casa, algumas imagens ainda são apenas idéias, mas a alma já está plena e pronta (?) para voltar para o ponto de partida.
Chegamos ao Brasil, depois de momentos tensos na fronteira com a Venezuela, e descobrimos um Brasil que poucos se atreveram a conhecer: Roraima.
Nadamos em igarapés: