A receita para se pegar carona na Patagônia é muito simples: paciência e mente aberta.
Explico...
Em alguns momentos da nossa viagem estivemos quase três horas na beira da estrada numa temperatura que beirava os dois graus, um vento assobiando no ouvido, malas jogadas no chão e a esperança indo embora cada vez que um raro automóvel se recusava a parar. Paciência. A saída era manter o bom humor (E isso foi garantido pelo André. Confesso que muitas vezes cogitei pegar um avião e voltar para casa).
Por outro lado, essa prática, segura e muito comum nessa parte do planeta, nos permitiu conhecer figuras interessantes nos 800 km que viajamos a base de carona.
O primeiro personagem, um sisudo chileno cujo nome nunca saberemos, rodou conosco por 90 km até a entrada para os Bosques Petrificados. Uma das poucas palavras que consegui arrancar dele foram: "Quiero volver a mi casita". Naquele momento senti que trocávamos sensações. Ele ia para a sua casa no Chile, e nós estávamos cada vez mais longe da nossa.
Naquele mesmo dia, encontramos um italiano que, a uns 120 km por hora, nos levou até a entrada do Bosque.
No dia seguinte, foi a vez do Marcelo, o caminheiro malandro de Buenos Aires, que teve um papel importante nessa nossa viagem. Falante, o portenho soltou uma frase que mudou o curso do nosso trajeto: "Mas se vocês chegaram até aqui, não podem deixar de ir à Terra do Fogo".
E é aí que entra o segundo elemento da receita: mente aberta.
Mais tarde, o ingrediente se reforçaria com um senhor que já havia rodado 1300km por estradas argentinas. Cansado, mas curioso, outro personagem determinou o nosso roteiro. Deixei que ele escolhesse entre ir a Rio Gallegos ou a Calafate, porta de entrada ao Glaciar Perito Moreno.
A escolha dele foi acertada.
Eis a estrada... esse pedaço de terra que nos leva, nos traz, mas que continua aqui. Basta ter paciência e mente aberta.
Edu
(o André trabalhou duro. Foi eleito o caroneiro oficial da viagem)
1 comentários:
faltou falar do biruta pedindo carona, hein?
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